quarta-feira, 5 de setembro de 2007
domingo, 26 de agosto de 2007
do it
Based on the concept of a do-it-yourself manual, 'Do It' provides step by step instructions for producing actions, artworks and events that can be constructed and conducted either at home or at a museum.
domingo, 8 de abril de 2007
"Praia urbana" diverte moradores da Cidade do México
Veja vídeo
Não tem mar, mas a Cidade do México agora tem sua própria praia. Está longe de ser um exótico resort, mas a população parece ter aprovado. Os visitantes podem se refrescar em piscinas e jogar vôlei, com a areia ali, bem pertinho... No México, durante o feriado da Páscoa, as cidades ficam vazias porque a classe média aproveita para viajar para as praias mais distantes. Mas este ano, quem não pôde viajar pode aproveitar a sensação praiana dentro dos limites da cidade. A praia urbana ficará no local por tempo indeterminado, e o governo já prometeu 'construir' outras.
Não tem mar, mas a Cidade do México agora tem sua própria praia. Está longe de ser um exótico resort, mas a população parece ter aprovado. Os visitantes podem se refrescar em piscinas e jogar vôlei, com a areia ali, bem pertinho... No México, durante o feriado da Páscoa, as cidades ficam vazias porque a classe média aproveita para viajar para as praias mais distantes. Mas este ano, quem não pôde viajar pode aproveitar a sensação praiana dentro dos limites da cidade. A praia urbana ficará no local por tempo indeterminado, e o governo já prometeu 'construir' outras.
sábado, 7 de abril de 2007
isso aqui é um negocio
[frederico canuto]
Normalmente, a arquitetura é sempre pensada tanto como um objeto de contemplação, o que aproxima-a à arte de acordo com o senso comum, bem como detentora de especificidades técnicas e construtivas. Impossível pensar num belo edifício, ‘quase-arte’, sem pensar que deve haver uma estrutura que o sustente e que permita que ele não caia ao longo dos anos. Porém, a arquitetura, tal qual a arte como colocado acima, não é só dispositivo, mas engrenagem dentro de um mecanismo chamado mercado imobiliário. Por sua vez, esse mesmo mercado não é um desvinculado de quaisquer outras dimensões econômicas, como a política e/ou social do país, e mesmo do mundo. Esse mercado faz parte de um mercado de terras homogêneo mundial, onde o valor real e virtual do lote e da porção de terra é que dirá que tipo construção é essa que será feita.
O valor real de um imóvel é dado pelo valor gasto em sua construção. Materiais, mão de obra, especialistas técnicos – normalmente o arquiteto é supérfluo nessa conta porque o engenheiro pode fazer o mesmo trabalho que ele por um preço menor ou o cliente pode comprar uma revista [Projeto Fácil] – alvarás de construção, habite-se, IPTU, presença de elevadores, área construída, número de quartos, área de varanda e número de vagas de garagem são todos parâmetros para se avaliar quanto custa determinado imóvel. O mesmo se aplica para o preço real de um lote, que influi indiretamente no preço da construção, mas com outros critérios: ruas com esgoto canalizado, asfaltamento, luz elétrica, distância do centro, proximidade de shopping centers ou de regiões valorizadas da cidade, índice de violência, arborização, tamanho das caladas, vizinhança.
Já o valor virtual referido acima diz respeito ao lote, ou seja, a terra, objeto de discussões infindáveis e manifestações como invasões de fazendas e edifícios abandonados nos grandes centros urbanos por conta de movimentos como o MST, Movimento sem Teto e Movimentos de Luta por Moradia. Esse valor virtual se relaciona com o preço que determinada porção de terra terá SE determinadas condições forem mudadas. Um exemplo: uma porção de terra, afastada da cidade, sem acesso asfaltado e sem luz e água, tem um custo baixo. Porém, se tais condições mudarem, o preço aumenta. O mesmo aconteceria se houver notícias de que haverá outras mudanças como um empreendimento imobiliário nessa direção, ou a abertura de supermercados, ou o asfaltamento das estradas de acesso. Dessa maneira vão aparecendo os chamados vetores de crescimento na cidade. O que acontece é uma valorização do terreno dada pela sua melhoria infra-estrutural que apontará direções de desenvolvimento para a cidade como um todo.
De acordo com o historiador da arquitetura Lewis Mumford, no seu livro A Cidade na História, no século XIX, após grandes transformações urbanas acontecidas em Paris e que dão início ao seu acelerado crescimento urbano, o que caracterizavam as casas recém-construídas era a falta de estacas cravadas no solo que garantissem sua permanência. A falta de estacas, o que significa inexistência de fundações ou alicerces, nas bases das casas não era solução para algum tipo de problema tecnológico específico daquela época, mas garantia de que quando determinado lote aumentasse seu valor devido a rapidez do desenvolvimento da cidade e valorização de seus espaços, a demolição da casa seria fácil e o menos custosa possível. Ou seja, a casa se tornara objeto provisório. A casa deveria ser facilmente destruível porque seu valor poderia ser aumentado com investimentos. Virtualmente, o valor do lote poderia demandar um tipo de construção outro que fosse mais condizente com a região recém-valorizada. Tal fenômeno urbano é visível até hoje se for pensado que casas e prédios inteiros são destruídas, fazendas desmembradas e transformadas em novos bairros, sítios desapropriados em certas regiões das cidades brasileiras para dar lugar a condomínios fechados, prédios de alto luxo e infra-estrutura como shopping centers, supermercados, concessionárias e áreas verdes.
A arquitetura tem um valor que transcende questões subjetivas como ser local de memórias familiares e individuais, espacialização de uma esfera pública, abrigo contra intempéries entre outros. Ao mesmo tempo, ela é materialmente realista justamente porque obedece leis de mercado como as descritas anteriomente. Longe de pensar que a opção de pensar a arquitetura é uma ou outra, ela faz parte desses dois mundos.
Todavia, o estatuto do profissional arquiteto dado pelo senso comum é sempre aquele que pontifica e intensifica a missão artística e embelezadora da arquitetura. Beleza é arquitetura, pois funcionalidade é engenharia. Independente desse juízo deturpado de funções profissionais, um outro fato aparece. Para além de julgamentos redutivos e discussões superficiais onde o resultado é sempre a afirmação de que a arquitetura é arte e engenharia, funcional e estrutural, a pergunta que é lançada é se quem trabalha dentro desse mercado imobiliário que dita rumos de crescimento da cidade, direções de investimentos, enfim, produz a cidade de certa forma? Nas empresas do ramo imobiliário, aqui consideradas como as direcionadores do crescimento da cidade como construtoras e imobiliárias, os profissionais são: corretores, secretárias, office boys, engenheiros de diversos ramos como a civil e a hidráulica, pedreiros, mestre de obras, marceneiro, carpinteiro, publicitários, designers de móveis, advogados, administradores, economistas, médicos do trabalho, e arquitetos.
Se a arquitetura pretende retomar sua função política sobre a produção do espaço, ou seja, de apontar vetores de crescimento que não obedeçam apenas a lógica imobiliária e financeira, ela deve rever sua função embelezadora . Não deve ser inocente ao achar que sua única função é essa. Também é funcionalidade e técnica. Porém, ser um arquiteto consciente de sua própria condição, profissional inclusive, e não apenas do campo de trabalho da arquitetura, é saber que a arquitetura é um negócio!
terça-feira, 6 de março de 2007
craque de rua
[frederico canuto]
Em tempos de copa, nada como comentar de futebol numa coluna mensal sobre arquitetura... Entretanto, o que arquitetura, normalmente identificada com a projetação e construção de espaços para as atividades humanas, tem a ver com futebol?
Quando Rivelino, jogador da seleção brasileira tricampeã de 1970, comenta em um jornal de circulação nacional que o futebol brasileiro está morrendo porque o futebol de rua está morrendo, de alguma forma está dizendo que a rua é responsável direta pela perpetuação de um tipo de futebol, o futebol-arte especificamente brasileiro, dos dribles de Garrincha, das pedaladas de Robinho, da técnica de Pelé, do gingado de Ronaldinho Gaúcho, da visão de jogo do Dr. Sócrates entre outros. Sem juízos de valor sobre quem é o melhor dos jogadores citados anteriormente (não é esse o caso!), o fato é que, segundo a colocação de Rivelino, a rua é o espaço possibilitador para futuros jogadores iniciarem e/ou, quem sabe, aperfeiçoarem suas técnicas futebolísticas. Mas que espaço é esse?
O espaço da rua não é um espaço vazio de significado para a cidade, mas um repleto de atividades humanas, como a circulação de carros, ônibus, motocicletas, bicicletas e pedestres, por exemplo. Assim, a rua só é espaço de circulação se alguém circula por ela, assim como somente se torna espaço da compra e venda se camelôs instalam sua barraquinhas para vender produtos nela, por exemplo.
No caso do futebol de rua, a rua, potencialmente celeiro de “craques da camisa número 10” está morrendo, pois as crianças a que Rivelino se refere não jogam futebol mais nas ruas, mas em outros lugares como as Escolinhas de Futebol. [Há cerca de um mês atrás, ao jogar futebol numa quadra em Belo Horizonte, impressionou-me o fato de que crianças de seis anos de idade, colocadas em escolas de futebol pelos pais, já ouvem, entendem e obedecem a palavras como padrão de jogo, disciplina e equilíbrio tático. É precisamente nesta transformação do futebol como cultura para uma culturalização pelo futebol (e não é que os norte americanos estão aprendendo futebol?) a que Rivelino se refere. Ou esquete canarinho ficou pior ou as seleções de outros países ficaram melhores, ou assistimos a uma globalização do futebol, com todos jogando a partir de conceitos numéricos como 4-4-2, 3-5-2, 3-5-1-2, 4-3-3.]
A importância qualitativa de um espaço lhe é atribuída mesmo quando seu sentido comum é subvertido ou negado. No caso da rua, um outro uso que não o da circulação, seu principal, por exemplo. Mesmo que a rua não seja usada para o circular, isso não significa que ela não está sendo usada. Ao repensar o uso da rua para a permanência, como um espaço de ESTAR, é que a rotina da repetição é transformada em uma diferenciação. A rotina de anos atrás, do futebol de rua, potencialmente pode retornar como novidade. Não é uma questão de saudosismo mas de reinvenção de algo, para além do futebol jogado nos campos de várzea, cada vez mais próximos da extinção pela criação das Escolinhas de Futebol, quadras de aluguel, pelos edifícios e condomínios fechados com áreas de lazer e vazios na cidade cada vez mais murados. A arquitetura pode se apresentar como lugar do circular ou do permanecer, como em um jogo de futebol de rua, por exemplo.
Em tempos de copa do mundo, jogar futebol de grama na rua pode parecer surreal (como nesta foto do movimento “rua verde”, onde as pessoas ocuparam as ruas do centro de uma cidade com placas de grama sintética e mesas, cadeiras e sombrinhas), mas seria a celebração de um esporte e de uma vida brasileira comumente associada ao futebol. Grama sintética no asfalto da rua, uso dos prédios como parceiros em jogadas de tabela, os muros das casas como um quadro para se pintar o gol de tinta branca, varandas de casas e edifícios como arquibancadas, bares e lanchonetes próximos como espaços de concentração de espectadores, e aparelhos de som das casas como fornecedores de trilha sonora para os jogos são infra-estruturas capazes de produzir um novo ambiente arquitetônico para o futebol de rua, portanto, uma nova cultura de futebol de rua já que espaços vazios sem muros na cidade são cada vez mais escassos.
Quando Rivelino, jogador da seleção brasileira tricampeã de 1970, comenta em um jornal de circulação nacional que o futebol brasileiro está morrendo porque o futebol de rua está morrendo, de alguma forma está dizendo que a rua é responsável direta pela perpetuação de um tipo de futebol, o futebol-arte especificamente brasileiro, dos dribles de Garrincha, das pedaladas de Robinho, da técnica de Pelé, do gingado de Ronaldinho Gaúcho, da visão de jogo do Dr. Sócrates entre outros. Sem juízos de valor sobre quem é o melhor dos jogadores citados anteriormente (não é esse o caso!), o fato é que, segundo a colocação de Rivelino, a rua é o espaço possibilitador para futuros jogadores iniciarem e/ou, quem sabe, aperfeiçoarem suas técnicas futebolísticas. Mas que espaço é esse?
O espaço da rua não é um espaço vazio de significado para a cidade, mas um repleto de atividades humanas, como a circulação de carros, ônibus, motocicletas, bicicletas e pedestres, por exemplo. Assim, a rua só é espaço de circulação se alguém circula por ela, assim como somente se torna espaço da compra e venda se camelôs instalam sua barraquinhas para vender produtos nela, por exemplo.
No caso do futebol de rua, a rua, potencialmente celeiro de “craques da camisa número 10” está morrendo, pois as crianças a que Rivelino se refere não jogam futebol mais nas ruas, mas em outros lugares como as Escolinhas de Futebol. [Há cerca de um mês atrás, ao jogar futebol numa quadra em Belo Horizonte, impressionou-me o fato de que crianças de seis anos de idade, colocadas em escolas de futebol pelos pais, já ouvem, entendem e obedecem a palavras como padrão de jogo, disciplina e equilíbrio tático. É precisamente nesta transformação do futebol como cultura para uma culturalização pelo futebol (e não é que os norte americanos estão aprendendo futebol?) a que Rivelino se refere. Ou esquete canarinho ficou pior ou as seleções de outros países ficaram melhores, ou assistimos a uma globalização do futebol, com todos jogando a partir de conceitos numéricos como 4-4-2, 3-5-2, 3-5-1-2, 4-3-3.]
A importância qualitativa de um espaço lhe é atribuída mesmo quando seu sentido comum é subvertido ou negado. No caso da rua, um outro uso que não o da circulação, seu principal, por exemplo. Mesmo que a rua não seja usada para o circular, isso não significa que ela não está sendo usada. Ao repensar o uso da rua para a permanência, como um espaço de ESTAR, é que a rotina da repetição é transformada em uma diferenciação. A rotina de anos atrás, do futebol de rua, potencialmente pode retornar como novidade. Não é uma questão de saudosismo mas de reinvenção de algo, para além do futebol jogado nos campos de várzea, cada vez mais próximos da extinção pela criação das Escolinhas de Futebol, quadras de aluguel, pelos edifícios e condomínios fechados com áreas de lazer e vazios na cidade cada vez mais murados. A arquitetura pode se apresentar como lugar do circular ou do permanecer, como em um jogo de futebol de rua, por exemplo.
Em tempos de copa do mundo, jogar futebol de grama na rua pode parecer surreal (como nesta foto do movimento “rua verde”, onde as pessoas ocuparam as ruas do centro de uma cidade com placas de grama sintética e mesas, cadeiras e sombrinhas), mas seria a celebração de um esporte e de uma vida brasileira comumente associada ao futebol. Grama sintética no asfalto da rua, uso dos prédios como parceiros em jogadas de tabela, os muros das casas como um quadro para se pintar o gol de tinta branca, varandas de casas e edifícios como arquibancadas, bares e lanchonetes próximos como espaços de concentração de espectadores, e aparelhos de som das casas como fornecedores de trilha sonora para os jogos são infra-estruturas capazes de produzir um novo ambiente arquitetônico para o futebol de rua, portanto, uma nova cultura de futebol de rua já que espaços vazios sem muros na cidade são cada vez mais escassos.
Assinar:
Postagens (Atom)